Trazia na mão uma revista com a Maria João Bastos. Linda, diáfana, sem uma ruga de preocupação no rosto. As pálpebras cuidadosamente maquilhadas.
E ela tão carregada, a cara cheia cheia de rugas e anos. Uma tristeza, uma preocupação e, contrastante, um cabelo cor-de-cenoura. Fiquei a cismar se seria o produto de uma cabeleireira descuidada ou verdadeiramente um desafio à vida. Prefiro pensar que sim, que para lá da tristeza há desafio.
E fiquei a meditar no tão pouco que sabemos uns dos outros. Eu, dela. E ela, da Maria João Bastos.
Fechei os olhos e quando os abri no lugar dela do metro estava agora uma velhinha sorridente com os lábios pintados de vermelho.
Infelizmente a minha viagem acabou.