sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Maria João Bastos

Trazia na mão uma revista com a Maria João Bastos. Linda, diáfana, sem uma ruga de preocupação no rosto. As pálpebras cuidadosamente maquilhadas.

E ela tão carregada, a cara cheia cheia de rugas e anos. Uma tristeza, uma preocupação e, contrastante, um cabelo cor-de-cenoura. Fiquei a cismar se seria o produto de uma cabeleireira descuidada ou verdadeiramente um desafio à vida. Prefiro pensar que sim, que para lá da tristeza há desafio.

E fiquei a meditar no tão pouco que sabemos uns dos outros. Eu, dela. E ela, da Maria João Bastos.

Fechei os olhos e quando os abri no lugar dela do metro estava agora uma velhinha sorridente com os lábios pintados de vermelho.

Infelizmente a minha viagem acabou.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Serei a tua mãe e não a minha

Sara,

Fizeste ontem 20 meses. Tens sido uma luz na nossa vida, uma companhia, uma alegria e uma fonte de amor.

O meu coração comove-se e transborda quando ponho a minha mão grande, velha e áspera a segurar a tua carinha linda a macia. Já te disse muitas vezes o quanto és linda e inteligente e sábia, mas di-lo-ei ainda muitas mais.

Sabes que não foi fácil gerar-te e trazer-te ao mundo. Mudaste-me profundamente e isso tem sido um processo dorido.

Mas agora, meu amor, começa a haver mais luz que sombra e sinto-me próxima de ti, sei que seremos boas amigas e companheiras de vida. Sei também que não somos obrigados a ser como os nossos pais. Serei a tua mãe e não a minha.

E isso é tudo o que poderei ser. E creio que bastará para nós.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Quem já foi vítima de violência sabe....

Que nunca termina realmente. Que um telefonema pode mudar o teu dia de forma tão radical que te doem todos os músculos do corpo. Não interessa se passaram 6 anos. O teu corpo ainda se lembra.

Este é o meu mantra:

Não precisas ter medo.
Já estás segura.
Tens a tua casa.
Não precisas ter medo.
Não precisas lidar com ameaças ou insultos ou violência.
Simplesmente, termina a conversa.
Calmamente.
Não precisas ter medo.
Não precisas ter medo.

Orar também ajuda.

Reflexões matinais


Hoje acordei às 6h da manhã para estudar e nessa hora clara do dia surgiram-me dois pensamentos que me faz sentido partilhar.

Os pensamentos são um bocado disconexos mas, pronto, aqui ficam:

-Quando "despimos" o amor de todas as expetativas, julgamentos e pressupostos podemos simplesmente aceitá-lo e acolhê-lo como uma benção, que é. Creio que no nosso universo chamamos a esse sentimento amizade, que é o amor mais descomprometido e incondicional que conheço;

-Apenas Jesus Cristo nos amou incondicionalmente, apesar das nossas inúmeras falhas e defeitos - apenas Ele não desistiu de nós. Hoje senti isso de uma forma muito clara e evidente.

domingo, 14 de outubro de 2012

Um manto negro

Ou cinzento, ou azul petróleo, adensa-se sobre este país.
Sinto-o no trânsito, no "Continente", nas discussões absurdas dos parques de estacionamento.
Há um desespero esmagador na nossa alma. Simplesmente sobrevivemos. Com dificuldade fazemos o exercício das contas do mês, da semana, dos dias.
Tantas e tantas vezes sozinhos, com vergonha.
Sem saber que ao vizinho do lado acontece o mesmo.
Ou a enfrentar que a nós acontece o mesmo que aconteceu ao vizinho do lado.
É um aperto no coração, uma angústia que esmaga.
O prenúncio de uma tempestade é a opressão.
Eu acredito no trabalho, na recompensa, no esforço mas começo a não ter mais fé.
Srs. governantes, Vítor, imponham limites aos gordos, às corporações, aos lobbies, não paguem as PPP por inteiro, renegoceiem, reconheçam que esta manta não estica mais.
Mas não nos matem a esperança. Não nos espremam.
Porque um homem com fome é um bicho.
E um homem ou mulher que vê os filhos com fome, ou com frio ou doentes é um bicho feroz....

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Hoje tá difícil...

Mas já está a melhorar.
A Sarita teve febre de noite. Hoje estava doentita e não foi à escola.
De noite chamou pelo "papa". Levei-a a ver o Diogo que dormia.
A manhã foi dura. Atrasei-me. Cruzei com o Pedro (o que mais desejo evitar), enervei-me.
Imagino que seja muito difícil ser tão weired, que talvez nem haja 3 pessoas que o entendam.
Paciência. também eu estou muito só.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Ora então, porquê?

Porque me fui pôr a fazer uma pós-graduação aos 40, com 2 filhos em fases complicadas da vida e arriscando seriamente ser a pior aluna da turma? E sabendo que o resultado em termos de carreira é incerto...

Não tenho uma resposta racional, mas estou a adorar. É isso: ADORAR! A adrenalina, as pessoas novas, os lugares diferentes a as minhas redescobertas capacidades de pensar nestas coisas.

E são "só" nove meses de trabalho intensivo. Um baby, portanto.

Olho para a Sarita e tenho um bocado de remorsos. Oiço o Diogo e sinto-me um bocado mal.

Mas sinto-me viva. Sinto-me bem, alerta e motivada. E acordando às 6h da manhã todos os dias acordo menos cansada.

Pedrocas, obrigada pela ajuda.

domingo, 9 de setembro de 2012

Nada se perde

Tudo é aprendizagem. Tudo volta quando precisamos.
E sou inteira em tudo o que por mim passou. O que dancei, o que gozei e o que chorei só serviram o propósito de me fazer o que sou hoje.
Não é nenhuma novidade, eu sei. Mas anuncia a descoberta de que já não vale mais fingir que vivo várias vidas. Não dá.
Sou a mesma quando danço ou estou na masters de finanças. E nem tampouco engano alguém.
Sou surpreendentemente a mesma. Eusínha.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Back to school

Pois, é isso.
Este ano deu-me para isto. Concorrer e ser aceite numa pós-graduação em Finanças.
Aos 40. Com 15 putos que quase podiam ser meus filhos.
OMG! Porque fui eu fazer isto?
Porque gosto de estudar. Porque estou enferrujada. Porque preciso algo novo na minha vida.
Mas estudar? OMG!!!!
Estou assustada, ando a acordar às 6h da manhã. Se calhar é um sinal que será esta a minha hora de estudar. Alguma terá de ser.
O Pedro vai-me comprar o PC que eu preciso. Talvez esta "coisa" tire presão da nossa relaçãoe nos permita ver-nos com maior clareza. E amor. Porque há amor. Só que, como diz o Tomé, eu não o consigo ver....

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Mudanças subtis

Pequeninas coisas que melhoram a minha qualidade de vida.
Comprar material para lavar os dentes no emprego.
Fazer do controlo alimentar um propósito e uma prioridade - comprar iogurtes, fruta e não me deixar ficar com fome para depois não comer um mundo e o outro.
Estabelecer laços com os meus colegas novos que têm sido uma grande melhoria na minha vida - conversar, almoçar.
Aprender coisas novas. Re-aprender coisas velhas.
Fazer massagem. Abrir um bocadinho mais o coração.
Fixe.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Devo aceitar

que há uma altura em que as vidas se separam, como duas estradas diferentes se afastam...
Se o meu coração fosse mais sábio, aceitaria a partida com a mesma alegria com que aceitou a chegada.
Cada partida é uma chegada, mas o meu coração é teimoso e está triste....

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Desarmonia

Sim, é isso que se passa em minha casa...tirando o sexo.

Acontece que eu fui educada num determinado padrão. A ser a mãe e dona de casa onde quer que estivesse. Nunca fui de me queixar de falta de ajuda. Sempre tive empregada, os avós ajudaram como puderam e eu fiz o resto - a organização das peças do puzzle, as compras, os telefonemas, a comida mais ou menos elaborada. Esse chinelo cabia bem no meu pé.

Mas isso era dantes, na outra casa, no outro casamento.

A coisa vem piorando desde que acabou a licença de parto e piorou ainda mais quando acabaram as 2 horas de amamentação. O Pedro continuou a trabalhar a meio tempo e vem ocupando todo o meu espaço natural de mãe e dona de casa.

É a definição de regras injustas e castigos ao Diogo que eu "engulo" mas não aceito.

É ter escolhido esta empregada pavorosa que me falta ao respeito, só faz o que quer e é incompetente. E manter com ela uma relação de amizade quando eu só quero despedi-la rápido. E combina dias de férias com ela sem sequer me perguntar, combina coisas com a mãe dele sem falar comigo.

É como se eu não existisse lá em casa. Por enquanto "faço as noites" com a Sara (o trabalho mais difícil e esgotante, claro) mas o resto do espaço está ocupado por sua ex.ª. E quando reclamo diz que sou uma "peixeira" e que se recusa a ouvir-me.

A minha reação é de afastamento. Fou fazendo os mínimos, mas passo pouco tempo com a minha filhota e parece que nada tenho a dizer quanto ao resto. O espaço está ocupado e não consigo recuperá-lo. E o pior é que sinto que a minha relação com os meus filhos está minada, ameaçada de morte.

Mas eu não consigo viver mais assim. A minha saúde ressente-se. A minha capacidade de trabalho reduz-se e não estou a conseguir aproveitar as oportunidades. Ando ansiosa, triste, voltei a fumar.

A separação parece a única solução. Rima, é verdade, é triste.

Não aprendi ainda a delimitar eficazmente o meu espaço, a defender os meus direitos sem briga e gritaria. Não sei fazer isso e viver sozinha parece o caminho.



quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O meu peso

È MEU. É um assunto pessoalíssimo e, lamentavelmente, intransmissível.
Mas parece importar a toda a gente.

É certo que com "a melhor das intenções" não há alma por aqui que não se rale como meu peso.

Hoje, no formulário da RM deixei em branco o quadradinho respetivo e vem uma menina amorosa explicar-me que para calibrar a máquina tinha que saber o meu peso - portanto, a menina, a máquina, o sr. Dr, todos precisam de saber quanto peso.

E logo à saída, o sr. dr. veio explicar-me (pela 50ª vez) que os problemas do joelho podem vir, são agravados, etc e tal, imaginem!, pelo dito peso que é meu e que eu transporto há uns bons 20 anos (+/-5Kgs).

Se eu pudesse mudar alguma coisa em mim, acreditem, mudava o peso.

Mas sem uma dietazinha, logo seguida da "alteração dos hábitos alimentares", acompanhada de um "exercíciozinho". É que eu já faço isso para não aumentar de peso.
E eu gosto de comer.

E parece-me uma batalha perdida querer agora perder 10-15kg e perdê-los e mantê-los ao largo sem fazer disso a 1ª coisa da minha vida. Agora que eu aceitei o meu peso, podem aceitá-lo também.

E eu tenho (ou tinha) uma boa saúde.

Mas lá me querem enfiar na "formatura" e o joelho é o argumento perfeito para a coisa.

Vale-me o Pedro, que embora conheça o dito peso, diz que me acha linda, sedutora e sensual já faz quase 6 anos.

AHHHH, pois é!

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Entender

Eu queria apenas entender as pessoas que me rodeiam.

Assim, de repente, o meu  "companheiro", a minha mãe, o meu ex-marido é tudo gente que a minha compreensão não abarca. Não os entendo, eles não me entendem e parece que a única saída é....sair. Já o fiz, penso que o farei de novo. Não dá. Não estudei esta matéria das relações com pessoas que veêm o mundo tão diferente de mim que parece que viemos de universos distantes. Ainda não encontrei manuais....

Em tempos li "A leste do paraíso" de Steinbeck (lembram-se do filme com James Dean?), um livro que me impressionou muito. Dele retenho duas reflexões:
- Os "monstros" são apenas pessoas cujas motivações intimas são tão diversas das nossas que tornam as suas ações incompreensíveis; e
- Quando uma tragédia nos "passa a ferro" o "remédio" é fingir que continuamos a viver, por muito que nos custe fazê-lo. Um dia, outro dia, levantar, comer, trabalhar, deitar de novo. Devagar, muito muito devagar pode ser que a vida volte a fazer sentido....Já me aconteceu e resulta mais ou menos.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Biodanza

?Bio quê?
A biodanza ou a dança da vida tem sido um dos vetores modificadores, renovadores e "melhoradores" da minha vida. Na passagem do ano de 2007 dancei shiva, o deus da mudança e desde aí não tenho parado de mudar. É certo que nos últimos 2 anos tenho andado afastada, recolhida, a gerar e nutrir a minha pequena Sarita.
São fases da vida, disseram-me ontem depois da aula, sem crítica, o olhar caloroso.
Biodanza é isso - o lugar onde podes voltar, sem muitas questões e ser quem és.
No início há dúvidas, timidez, desconfiança. Mas quando a roda se desenrola, algo primordial e instintivo desenrola-se também dentro de mim.
Toda a vida é relação e a bio é um caminho diferente para essa relação connosco e com os outros.
Hoje o meu coração está mais aberto e estou mais feliz e disponível, apesar das poucas horas de sono e do joelho dorido.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Parabéns, mãe!

São 65.
Beijinhos.

Vitimas e Violência

Nada como a realidade para nos fazer assentar os pés no chão.
Hoje liguei à minha 1ª sogra e fiquei abismada com o desânimo em que a encontrei e tudo o que me contou. Percebi que o meu ex-marido utiliza agora com a mãe (e a irmã) as mesmas "táticas" que utilizava comigo:
- vitimização
- chantagem
- agressão pura (até agora verbal)
- desrespeito total
e tantas outras coisas
Viúva e muito sozinha, ela cede, como eu cedi muito mais nova, empregada e com um curso superior.
As vítimas cedem porque acreditam que cedendo se acalma a besta. Mas na verdade só se alimenta a besta. Já lhe mostraste que cedes e por isso que vais ceder mais. O que for preciso para ter essa aparência de paz. Essa sub-coisa a que chamamos paz.
E a vida só muda de duas maneiras: ou a vítima muda ou um dos dois morre.
Eu mudei. E por isso sou eternamente grata ao pai da Sara.
Por me mostrar tão certeiramente que a vida é muito mais e que só eu tenho o poder de mudar a minha vida.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

What's in a teen?

O meu miúdo está com 12, 5 anos.
Quase nos teen, portanto. E eu com esta mania de antecipar as angústias ando a estudar essa "sub-espécie".
E oiço de tudo, embora algumas coisas se repitam:
- O desejo profundo destes rapazes é estar "ligado" à internet, a jogar, on-line com amigos ou "amigos". Disso já tenho lá em casa.
E como consequência:
- As refeições são engolidas à pressa;
- As tarefas despachadas a correr (e de maus modos),
- Os pratos voam para dentro da máquina, com restos e tudo.
Também já vi muito disso e as coisas têm sido "ajustadas" com muitas conversas e castigos. Parece que o medo é bom conselheiro. Independentemente da etiqueta que a gente lhe ponha. Medo é medo.
Mas ainda assim é melhor que eles tenham medo de nós.
E depois, relatos de agressões verbais e ódios extremos. Dá para pensar: não valia mais mandar cortar a internet?
Fica-me na manga. Se o D. passar as marcas fica sem vício. Fica. Fica.
Mas se calhar, o melhor mesmo é educá-lo e amá-lo. Muito. Fazer pontes. E viver só um dia de cada vez....

terça-feira, 7 de agosto de 2012

o monstro precisa de amigos

Amigos, filhos e amores....
são o melhor que a gente leva da vida.
o meu coração está cheio - só precisava disto, de alguém amigo que atravessasse a cidade para vir ter comigo.
o monstro precisa de amigos
de saber que, enfim, os outros monstrinhos o reconhecem e acolhem e amam e apesar de e por isso tudo de bom que temos cá dentro, nos estendem a mão.
ter amigos é isso
isso tudo e apenas isso me dará asas para ser quem sou
Obrigada Rita B.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Catarse...

esvaziar....
....as gavetas da secretária no Banco....
é olhar de frente os últimos anos da minha vida profissional
as incertezas, as dúvidas, a aprendizagem
a segurança, o adeus
e é olhar também quem eu quero ser
escolho, deito fora, guardo
escolho
neste caos em que se tornou o meu país
eu escolho

Desamparo

Eu gosto da minha dentista, juro que gosto, e até acho que é muito boa dentista, cuidadosa e tal.

Mas digo-vos que poucas coisas se asemelham em pavor a estar deitado numa cadeira com duas almas debruçadas sobre mim e um milhar de "coisas" enfiadas na boca. Boca aberta, pois tá claro! E as incontáveis coisas são tubos e (mãe!!!) brocas de diversas qualidades.

O que me salva é a conversa, mas como o trabalho é de dentista lá me conformo, abro a boca e conduzo a tensão para os meus pés.

Agora o que eu queria, mesmo muito, era BAZAR. Fechar a boca, levantar-me e FUGIR. Assim mesmo, sem mais.

Desculpe a franqueza, Dr.ª.

Mas podemos ficar amigas no restante.....

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Esperança....

Sr. Primeiro Ministro, Sr. Ministro das Finanças, Srs....

Por favor, experimentem viver com €600/mês.
Esqueçam o carro e vão trabalhar de transportes, mesmo em dia de greve. Vão trabalhar sabendo que como estão a contratos de 1 mês (!!!) podem ser despedidos...se não forem ou chegarem atrasados....
Ou então sejam empreendedores, paguem as taxas de juro mais altas da europa, a electricidade mais cara, IRC a 50% e ganhem assim o vosso sustento.
A partir dos vossos €600/mês, paguem os livros novos dos vossos filhos, as deslocações em transportes públicos, a electricidade, o gás, a comida.
Sim, por favor, façam isso durante 1 mês e depois percebam que é preciso um plano de futuro para este país, para esta Europa.
Porque a malta é paciente e vai aguentando, mas precisamos de esperança. De algo inspirador. De um plano.
Sr. Ministro das Finanças, compreenda que os "custos de ajustamento" dos modelos são pessoas sem dinheiro para comprar comida para os filhos.
Chegamos a isto? Sim, chegamos. Estamos quase lá. Alguns já lá estão, embora envoltos no manto da vergonha e do faz de conta. Quando essa cortina se rasgar fica só o desespero e a revolta.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Drim Drim

Fica aqui escrito para a memória futura desta família - Drim Drim quer dizer iogurte.

É a mais bela das palavras inventadas pela Sara até agora e tem-lhe sido muito útil porque também é dos seus alimentos favoritos. Como não gosta de leite vai comendo drim drim.

No outro dia jantou mal e cedo e depois dormiu cedo também. E não é que lá pela meia noite despertou? E até às 2h da madrugada a D. Sara nada de dormir. Fechava os olhos, aninhava-se e depois....abria o olho outra vez....

Nessa altura fiz um intervalinho para ir à casa de banho e a Sara (que já estava há muito  na minha cama), desceu aos trambolhões e com as suas perninhas pequeninas lá correu até à cozinha e ao grigorífico e comunicou:
- Drim Drim!!!!

Afinal o besnico tinha era fome! E eu também! Marchou um grego seguido de 2 ovos estrelados harmoniosamente partilhados por mãe e filha.

Para mim, "bonding" é isto....

quarta-feira, 27 de junho de 2012

A única constante é a mudança

Misteriosa, inqualificável mudança. Inevitável. Chata. Pois é. Eu não gosto de mudança. Eu queria certezas. Coisas lógicas tipo causa-efeito. Tipo estudar matemática.

Mas por muito que me esconda no meu buraquito, ela, a mudança envolve-me e persegue-me.

Os putos crescem, olarilas se crescem! Recém-nascido(a); bebé, menino(a); pré-adolescente......num instantito, isso é que é mudança a sério!!!!

As minhas células mudam e desavergonhadamente envelhecem. Eu também, porra!

E ao meu trabalho, tão organizadinho, deu-lhe agora o badagaio. Quer mudar D.? Quero? NÃO. Não quero! Quero a minha conchinha, a carapaça, o sofá amarelo gasto que dei há 10 anos...

Mas se tudo muda, vou na onda? Ou faço a onda?

quinta-feira, 21 de junho de 2012

O torniquete

As minhas finanças pessoais são um torniquete.

Por um lado, reduz-se o rendimento, sobretudo por via dos impostos diretos e indiretos.

Por outro, aumenntam as despesas - fixas, eventuais e as outras. E aumentam as ajudas que vou dando. E aumenta a culpa de ainda ter ordenado e finanças pessoais.

E as lojas enviam promoções e só se fala em desemprego. E. e. E.

Deve ser isto a crise. É isto de certeza e parece que ainda está a começar.

Algumas famílias ajudam-se, transfere-se rendimento entre quem tem sorte e quem não tem. As pessoas reinventam-se.

E os outros? Os que desapareceram dos transportes, os que não pagam a luz e a água? Os que não vemos? Que comem? Como vivem? Onde estão?

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Dons ou "fardos"?

ando um bocado surpreendida com um padrão que descobri recentemente - algumas pessoas sonham com o momento em que abandonam o exercício de algo que fazem muito bem. o que visto de fora parece um dom e é sentido como um fardo pelo próprio. talvez um padrão de repetição que se torne custoso....

refletindo melhor, esta infelicidade (às vezes parece desespero) pode ser uma possibilidade de transformação, um alargar de horizontes e possibilidades. talvez haja outra coisa que façam ainda melhor ou talvez precisem apenas de descansar. dar lugar a outros.

tanta especulação!!!!

o ser humano é infinito. poderoso, infinito e supreendente. e a viagem é fascinante, embora por vezes perturbadora.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Should I stay ou should I go?

Ficar o fds em casa, fazer as coisas do costume. O que não é mau.
Ou lançar-me à aventura, conhecer gente nova, arrastar os meus 2 putos nesta viagem?

Estou à espera de um sinal do universo. UNIVERSO! Que hei-de fazer?

Nada. Nadinha. O UNIVERSO está off-line......?

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Prazer...

É ficar a trabalhar até tarde no escritório sossegado e com a música por companhia.
A sério? A sério.
Se não tivesse 2 filhotes &Cª fazia isto todos os dias. E chegava tarde. E fazia horas de almoço decentes.
Agora vou a correr para casa...

Eu sei.....

....mas

por mais que eu já soubesse que esta bolha de consumo e dívida ia rebentar. Por mais que eu andasse há 10 anos a dizer que ia ser assim. Dói-me. Custa-me.

andar a correr atrás do metro, que encolheu subitamente.
ver a segurança social cheia.
ver o desespero e a apatia nas pessoas.
pressentir as dificuldades e a fome nesta sociedade de abundância material aparente.

- Mãe, a internet é espectacular!- dizia-me o meu filho ontem.
- É verdade, Diogo, mas já refletiste que mesmo assim ainda há gente aqui ao lado a passar fome?
- Sim, mãe, mas eu estou a falar on-line com um miúdo brasileiro!
- Pois....

Pois.

terça-feira, 12 de junho de 2012

há dias assim....

e há vidas assim....

as marcas das "coisas" ficam. ficam por mais que a gente dance, por mais que se estude, por mais que se ande. em círculos, parece-me....

e quando reflicto, vejo duas paisagens diferentes.

quando olho a primeira, compreendo que percorro caminhos viciados pela experiência passada - pequenas coisas hoje sugam-me por vezes para lugares perdidos no passado. momentos. dores sem fim que pensava há muito esquecidas. reações automáticas. medo. medo. medo. incrustado em mim, a condicionar-me.

e vejo também a minha força imensa. a resistência. o poder que acredito que existe em cada ser humano (e em mim). e penso muitas vezes que o medo e a dor são limites a esse poder. são marcas da minha humanidade. vejo isso em mim. no meu marido. em alguns dos meus amigos.

talvez seja bom que existam esses limites, sem eles poderia vir um bem infinito ou um mal infinito.

e assim vamos mancos, em círculos. perdidos. incoerentes. sozinhos, tão sozinhos.

assim me vejo hoje.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Little turtle goes to school....

Mais boas notícias!
A minha princesa pequenina foi aceite na "Tartaruga e a Lebre", uma creche de que gostamos muito e onde não havia vaga.
Assim, na 2ª quinzena de Setembro, a Sarita vai para a escola. Mais um processo para desvendar lá em casa. Mas tenho um bom pressentimento acerca desta mudança....
Acho mesmo que o lugar das crianças é na escolinha....

terça-feira, 5 de junho de 2012

estou feliz!

ora se esta não é a melhor coisa que uma mãe insegura pode ouvir logo de manhã de um filho de 12 anos!

sexta-feira, 1 de junho de 2012

dúvidas. cansaço. mau feitio

não sei que se passa comigo.
tenho dificuldade em relacionar-me com os meus miudos. é uma coisa estranha. quando chego a casa à tarde cansada, quando acordo de manhã, tenho uma mau feitio que mal consigo disfarçar. uma dificulade enorme para responder ás solicitações de cada um deles.
a minha vontade é enfiar-me num sitio qualquer longe, ficar sozinha um bocado, beber um café. e parece que eles sentem isto e me perseguem. a Sara aos gritos. não sei o que ela quer. faz birras.
amo-a tanto e ao mesmo tempo às vezes não sei o que fazer com ela. é uma pessoa única/singular, com personalidade própria, hábitos e preferências e é-me difícil acertar com isso. Acho que ela tem sido muito criada por outras pessoas. a empregada de que eu não gosto. o pai. e isso reflete-se nela. nas birras.
demoramos a acertar-nos. hoje depois de conseguir dar-lhe o pequeno-almoço (já não há mama, não bebe biberão, dá-se mal com o leite e as papas lácteas), de o Pedro e o Diogo sairem, até ficámos muito bem as duas. muito em paz.
acho que temos saudades uma da outra, mas é difícil relacionarmo-nos com tantas interferências e tenho dificuldade em aceitar nela o reflexo dessas outras pessoas. e depois há o meu cansaço, que é muito maior logo de manhã e ao cair da tarde/noite. e há o Diogo. Para não falar do Pedro a quem não ligo nenhuma.
enfim, hoje é sexta-feira.....

terça-feira, 29 de maio de 2012

o nó górdio

ando às voltas com estas existencialidades.
a sorte de uns e a menor sorte de outros. a pouca sorte.
é sorte ou é mérito?
pois não sei.
enfurecem-me os miúdos que não estudam. que desperdiçam oportunidades como cascas de tremoços. descontando as incertezas da roda da vida irão pagar caro este desperdício. toda a vida. e os filhos deles também. assim se perpetua a miséria. a desigualdade.
e as crianças pequeninas que nascem? como entender isto? como aceitar isto? nunca consegui destrinçar esta meada. sempre quis ser justa. justa e boa. mas agora não sei bem que é isso. que é isso?
e ficamos assim....neste cuzamento....
vem isto a propósito da minha empregada. uma empregada fracota. que limpa mal, resmunga, pedincha e rouba dinheiro do meu filho Diogo. meu, na verdade, é claro. e agora um fio de ouro. isto não pode continuar!
mas como vou olhar para o espelho e saber que dois seres humanos (tem uma filha) deixaram de ter sustento? casa. comida. bens essenciais.
é um nó górdio. e sei que não vou conseguir mudar o mundo...

sexta-feira, 25 de maio de 2012

NY, breastfeeding and other stuff

NY, NY....é recordar-te assim eternamente...alta, imensa e bonita. tão bonita! e cheia de conquistas e gente de todas as cores, feitios e tamanhos. Um hino à engenhosidade humana, ao trabalho e à tecnologia, assim é Nova Iorque. Gostei de estar por lá. andar. ver. conhecer. conhecer também uma amiga nova numa conhecida antiga. A. foste uma boa surpresa...até já.

Por cá a Sarita ainda vai pedindo "mami", já sem grande esperança nem desespero. "a mamã não tem." a Sara não percebe, porque estão mesmo ali à sua frente. enfim...parte-se-me o coração, mas reconheço o fim de um ciclo e abrem-se novas oportunidades de relação entre nós que estavam "tapadas" pela mama. fica sempre a nostalgia.

E o "other stuff"... bem...mudaram tudo no meu trabalho enquanto fui a NY e eu ando um bocado desconfiada. Mudança: oportunidades e ameaças. e eu...bem, não sei que faça...inspiro, respiro. aguardo...que os 40 anos me tragam a serenidade de perceber (e defender) um pouco melhor os meus interesses....

sexta-feira, 11 de maio de 2012

mesmo, mesmo de viagem....

pois é. desta vez vou. vou conhecer NY.

falar inglês, conhecer outras pessoas, aprender, passear.

adoro conhecer outras cidades e outras gentes. é das melhores coisas da vida. das mesmo, mesmo boas. das que nunca me arrependi.

vou ter saudades dos meus rebentos. vou desmamar a Sarita. vou sem namorado. acho que não tenho namorado.

mas não vou sozinha.

abri as janelas da alma e as pessoas veêm. não as que pedimos, mas certamente as que precisamos.

espero ser sempre grata o suficiente a este emprego, ao meu pai que me incentivou, à minha cabecinha e vontade de trabalhar e à vida. obrigada. até já Lisboa, Portugal.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

entre o céu e a terra

a ação e a reação.
o instinto vivo de saber que algo está errado.
e ficar parado no limbo das dúvidas. apontar frouxo. não retesar o arco por causa das dúvidas. é nim. é entre o céu e a terra.

foi o que fiz com a minha sobrinha. a minha cunhada. o meu querido cunhado manel. não tive coragem de falar com eles acerca do desenvolvimento da menina e em vez disso falei com a avó. rolo, menina, rolo.

agora as coisas estão estranhas. quebrou-se a relação. estou triste comigo e percebi que ainda não cresci. não o suficiente para os desafios da vida.

por outro lado, parece que a menina está bem. e isso é o que vale mais. e se levei a mãe dela a ser mais atenta, mais observadora. a questionar-se, então está tudo bem. vai certamente ficar tudo bem.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

não resisto

....a voltar a falar sobre amamentação.

 é que é uma relação tão prazerosa, tão reciproca, equilibrada e nutritiva que sinto pena de estar a terminar.
ainda esta noite estava com insónias e a Sara acordou para mamar. fiquei feliz e ela mamou com uma perícia, um cuidado e satisfação enternecedores.

o meu coração ficou cheio.

se estiver aí alguém que possa decidir amamentar, por favor, experimente. Com confiança, sem medo. Com amor.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

mami ou mimi?

ou maminha?
Em qualquer caso está muiiitooo lentameente a acabar....e sinto-me um pouco triste. Tranquila com o assunto mas um pouco triste.
é uma fase que termina. uma etapa da nossa vida (minha e da Sarita) e certamente também da minha vida. Penso que não terei mais filhos, muito embora não sinta isso nas minhas entranhas, mas é sempre dificil saber o que é uma premonição (intuição?) e o que é um desejo.
assim, estes são os últimos dias desta curtição. Sim, amamentar é uma curtição. uma benção. um prazer partilhado.
obrigada Sara por esta relação tão bonita, próxima e respeitosa. e hoje à noite ainda há...."mami"


segunda-feira, 30 de abril de 2012

Caprichos....

Caprinhos da net do emprego (sim...aqui consigo pensar e escrever...); caprinhos do blogger (eu não pecisava de uma nova versão..); caprichos da minha inspiração; caprichos do tempo (ou dos dois tempos); caprichos meus e meus caprichos....

Vai daí não tenho escrito nada por aqui.

E a juntar aos caprichos compre-me dizer que já fiz 40 anos e não dei por nada. Nadinha. E até dá uma certa pica só para ouvir dizer: Não se nota nada! Fixe, mesmo que seja mentira....

E que a Sarita já foi batizada e dei por muita coisa - fiquei com o coração cheínho de amigos e vida e a casa cheia de flores. E a Sara ganhou vestidos para encher os roupeiros e só chove e faz frio.

E podia escrever o resto da tarde mas (in)felizmente tenho que trabalhar....

sexta-feira, 23 de março de 2012

Somos todos exilados

Nesta Lisboa que não para, onde há tão poucas casas amigas sinto-me sempre exilada. Já me relaciono com a cidade faz uns bons 22 anos. Estudei cá. Trabalho cá. Vivo cá.
Mas o homem do talho não é meu amigo, embora seja correto e simpático. Cabeleireiro só ao pé do emprego. Os merceeiros roubam-me descaradamente.

E não há ninguém para visitar!
Sim, eu tenho amigos, preciosos em todas as horas, mas parece-me que o código desta cidade não se compadece com visitas inesperadas. A malta não aparece em casa uns dos outros sem avisar, até porque muitas vezes não há ninguém em casa.
A minha safa são os convites que faço para jantar. Mas o meu marido entra em stress com as "invasões" (ele é Lisboeta) e eu fico assim-assim sem saber o que fazer.

Onde é a minha casa, afinal?
Onde pertenço? Quem é a minha tribo? Há por aí uma comunidade de gente de porta aberta? Ou vamos ficar cerrados nos nossos quartéis, dia após dia, com medo uns dos outros?

Vou contando as minhas bençãos, as poucas relações que tenho alimentado, planeando a minha reforma quando finalmente vou ter uma casa na aldeia da minha infância. Ou lá perto....

Será que lá vou sentir-me diferente? ou sou refugiada dentro de mim? ou mesmo de mim?

E as minhas primas estarão lá nessa altura?

Escrevo para vós , sem saber que sois, escrevo ao vento porque acredito que na partilha dos sentimentos vêm as respostas e sei também que em alguma hora tenho que ser real comigo. Rasgar os véus e olhar o espelho da minha tristeza. Ver as lágrimas. Acolhê-las como a uma gargalhada e seguir...

quinta-feira, 15 de março de 2012

Desmamar a Sara

ou não...

Sinto uma grande resistência a esse conselho/ordem que quase toda a gente me dá. A pediatra, a minha médica, o pai da Sara, as amigas....

"- Gabo-te a paciência!
- Depois do ano já não vale a pena!
- Está cansada de tanto dar de mamar..."

...and so on....

Mas eu adoro dar de mamar! A Sarita é de uma delicadeza imensa e doce e até já não me morde. Esta relação funciona e só isso já é um milagre. Apetece-me continuar só porque sim e apesar das "dificuldades" que me coloca.

E não sei se vou ter mais bebés para amamentar...

No entanto, reconheço "razão" nos conselhos e opiniões.

Mas o meu coração duvida...

sexta-feira, 9 de março de 2012

Primavera


Luz. Ar fresco. Borboletas.
Tudo de bom. A vida é imensa.
A malta é que complica muito. Eu complico muito.
Mas hoje está um dia muito bom. Um dia glorioso e bom.
Um dia poderoso.
Hoje apetece-me dizer: Eu tenho o poder de mudar a minha vida!
E esse poder vem de enfrentar as minhas fragilidades, não mais de as esconder.
Abrir o coração e não fechá-lo.
Deixar entrar a luz, o sol, o amor. Deixar sair o que de melhor temos em nós.
BOM DIA!

segunda-feira, 5 de março de 2012

Cansaço

Isso. Um cansaço imenso. Uma solidão pesada.
Preciso alguém para lamber o meu pescoço com paixão. Alguém para beijar.
Viver assim sozinha cansa muito. Manter o coração fechado gasta muita energia.
Hoje estou muito cansada e triste, mas a Sara dormiu 8 horas seguidinhas....

sexta-feira, 2 de março de 2012

Sabedoria em poucas palavras (II)

Diogo (12 anos):
- Mãe, porque é que tu e o Pedro só falam com o coração por mail?
Eu:
- Não sei, querido. Como é que percebeste?
Diogo:
- Percebe-se tão bem....

Sabedoria em poucas palavras (I)

Sabemos que vamos morrer, mas não acreditamos. (…) A Europa é a mesma coisa.”
José Gil, filósofo

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Amigos improváveis

A esta altura da minha vida tudo me parece improvável. Isto é, tudo o que efetivamente me acontece pareceria à partida improvável. Talvez por isso me sinta tão comovida por estas fotografias ou talvez por serem tão belas. Belas, puras e magníficas.


Vou pedir este livro para os meus 40 anos. Será um presente invulgar para um momento singular na minha vida.

http://aeiou.expresso.pt/mundo-animal-amigos-improvaveis=f707524

O fim de muitas etapas e certamente o início de outras. Sinto que estou num momento parado no tempo. Sinto-me muito só e sem rumo depois da enorme revolução dos 35 anos. Tenho andado mesmo no limite das minhas forças e paciência. Ontem e hoje andei por aqui, mas não trabalhei. A incontinência tem estado muito aguda, embora ontem tenha melhorado para piorar hoje. Parece que vou mesmo ter que pedir ajuda - começar pela incontinência e ir desamarrando o fio da sua origem que pressinto psicológica.


Se tiver o instinto e a habilidade necessárias irei encontrar ajuda para sair desta novela de medo e desamparo em que estou mergulhada já faz uns 2 anos.


Vou ter que o fazer, porque a alternativa é aterradora. É desistir. Continuar neste esforço imenso apenas para me manter à tona. Um esforço imenso só para respirar milhares (milhões?) de vezes por dia, realizar as minhas tarefas, manter a face. Pouco, muito pouco. E imenso. Absolutamente imenso.


Preciso mudar por muito que doa, porque não posso fazer outra coisa. Esta maré de chichi incontrolável está aqui para me dizer isso. É água. São emoções que ameçam afogar-me se não começar a mudar. E preciso de ajuda. Preciso de amigos. Os amigos nunca são improváveis.






quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

12 anos. Doze.

Este mês de Fevereiro e os próximos meses que se avizinham serão profícuos em datas importantes - marcos na minha vida.




Este Domingo o Diogo fez 12 anos. UAUU....a partir de agora entramos na espiral da adolescência, mas para já vejo apenas o meu filhote a protestar para sair da cama (estava a dormir tão bem como nunca!) e a apreciar o ritual de ser deitado com mimo e amor. É certo que o "cão pintas" está a morar dentro do roupeiro e que já não posso entrar no quarto dele e na casa de banho assim de qualquer maneira. Mas até agora continuamos muito amigos e afetivamente próximos e talvez isso seja tudo o que precisamos. Amor. Mimo. Amizade. E firmeza na relação.




Sim. Firmeza. Regras de convivência. Limites. "Containers" para todas estas emoções que se sentem no ar e se respiram em golfadas.




O mês que vem a Sarita faz um ano (Meu Deus!) e eu farei 40 e nunca mais voltarei a contar os anos. E no outro mês a seguir "fechamos" com o batizado da Sara. Bués e bués de festas para todos os gostos e feitios! Muito trabalho, alguma despesa. Muitos amigos e alegria...

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Be true

Please be true,
true is blue and transparent
is gold and silver
is whatever is inside You
Maybe it does not have color
maybe You do not know its name
but We know when we meet it
We know

True is always precious
and trimmed
I can forgive your true
Whatever it is
But I cannot forgive anymore lies

And...

I can sense the absence of true
like a dog smells blood
and I cannot stand it anymore

I just can't

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Massa com carne

O que comemos: crudívoro, vegetariano, macrobiótico, "normal", "normal-saudável", todos os anteriores ou nenhum ocupa um espaço imenso em algumas casas.

Na minha, por exemplo, é um elefante sentado na sala. Às vezes emagreçe um bocadinho, outras incha e parece que ocupa o espaço todo.

Quando eu estava grávida e enjoada, o Pedro resolveu ser crudívoro, ou qualquer coisa do género (alimentava-se basicamente de rebentos, beterraba e outros crús). Deixou de me acompanhar a restaurantes de comida portuguesa e falava da carne como, "uma coisa morta e em decomposição", à mesa, todos os dias. Foi tão degradante que ainda hoje não lhe perdoei e esta é a primeiríssima vez que escrevo sobre isso.

Agora, passado quase um ano da Sara nascer, come um pouco de tudo e até carne. Mesmo no momento em que deixei de me ralar com isso.

Mas existem outras "taras" alimentares, talvez até piores.

O meu filho de 11 anos basicamente alimenta-se de "massa com carne" ou "carne com massa". Não porque não goste de outras coisas. Nada disso. Mas parece que está convencionado que crianças da idade dele só gostam disso e por isso servem-lhe as diversas versões da "coisa" todos os dias, no ATL onde pago €4 por refeição.

Ontem, por distração minha, o jantar era frango com esparguete, ou seja, massa com carne. O Diogo pediu-me: Mãe, não faças mais esta comida ao jantar e comeu muita alface temperada por ele mesmo, sopa e um bocadinho de frango. UAU!!! Que andamos nós a fazer a esta geração?

Com a desculpa de lhes darmos o que gostam e não lhes impingir a tão famosa e traumatizante pescada cozida alimentamos os miúdos assim. E depois vem a obesidade e os diabetes. Claro que sim!


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Um pouco menos sós



Tenho um irmão mais novo. Fomos sempre amigos, acho que nunca nos chateamos muito depois de sermos os dois adultos.

E, no entanto, nunca fomos muito próximos. Não ligamos todas as semanas. Vamos-nos mantendo amigos à distância, com a consciência desse amor natural. É uma relação típica da nossa família.

Agora o meu irmão enólogo faz o vinho da família e também anda a vendê-lo e eu vou sendo a sua "embaixadora" por terras de Lisboa. E como resultado vemo-nos quase todas as semanas e almoçamos e conversamos um bocadinho. É bom.

Acho que ele também gosta.

Na verdade, ficamos os dois um pouco menos sós.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Perspetiva



O trânsito. A empregada. As chatices. A Fox Life.

Tanta coisa na nossa cabeça. E de repente.....

A possibilidade real da morte de alguém próximo e querido.

STOP. Alto. rewind.

Então era isto que queriamos dizer com c-h-a-t-i-c-e-s!

De repente tudo se encaixa como um puzzle na minha cabeça. Os meus amores são a vida. Não a Fox Life. A possibilidade/proximidade da morte torna a vida mais real, mais intensa e valiosa. E na verdade essa possibilidade está sempre ao virar da página. Também viver a vida na sua plenitude está nas nossas possibilidades.

Só que às vezes ando por aí distraída. Amuada. Cansada.

E esqueço-me de dizer: Amo-te.

Pai, amo-te. Fica por aqui mais uns anitos. Fazes-me falta.

E Pedro. E Diogo. E Sara.

Isabel, fique melhor depressa. Precisamos de si. Prometo que a partir de agora vamos cuidá-la mais.

Mãe, vou tentar estar ao pé de ti de vez em quando.

Fica prometido.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Uma prenda....

....do Pedro


"Protege-me da ingénua fé de que tudo vai correr bem na vida. Concede-me o sóbrio conhecimento de que as dificuldades, derrotas, fracassos e revezes são um natural acrescento da vida que nos faz crescer e madurar"


Antoine de Saint-Exupéry


Pronto, ele conhece-me um pouco....

O que significa educar? (II)

Educar e amar deviam conjugar-se no mesmo verbo.

Amar os meus filhos é-me fácil. Ajudá-los a crescer, apoiá-los, ampará-los também flui bem

Para mim, o difícil vem depois.

Dizer NÃO. Traçar o limite. Dizer: Eu sou a mãe e por isso....

Dizem que é necessário. Que é essencial. Que é amor.

Mas a mim parece-me tão, tão difícil. Tenho tantas dúvidas. Por vezes, estou tão cansada que simplesmente não consigo.

É que os miúdos têm uma energia inabalável. Quase inesgotável.

Têm a força da vida no corpo todo.

Mas precisamos estar no mundo. Respeitar o outro. Entender o outro. Dançar. Interagir. Sei lá.

Como vou ensinar isto aos meus filhos, se eu mesma tenho tantas dúvidas?

Comer com os talheres ainda vá lá, mas a complexidade imensa das relações humanas?

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O que significa educar? (I)

Ando às voltas com esta questão e esta questão anda às voltas dentro de mim.

Ser mãe é dar vida, alimentar a vida, nutri-la e dar-lhe asas para voar. É um ato de amor. São milhares ou milhões de atos de amor imediatamente retribuidos pelo próprio ato.

Para mim ser mãe é assim. E dito assim parece fácil e inato e profundamente gratificante. E é.

Educar e amar deviam conjugar-se no mesmo verbo. Eu amo-te e ensino-te a viver comigo e com os outros. Eu amo-te e ensino-te a respeitar o teu corpo e a tua integridade. E ensino-te a respeitar-me e a respeitar os outros.

Mas há tanta tralha entre mim e o amor! Há tanta tralha que acabamos por nos guiar por regras, ideias, métodos.


A intuição, o amor bastariam se os reconhecessemos realmente. Se fossemos íntimos de nós mesmos.


É como a amamentação. Não é preciso mais que a mãe, o bebé e confiança. Se não houver confiança, não há amamentação. Confiança é amor e amamentar é uma coisa bela, misteriosa e inquantificável.





Por hoje fico aqui. Neste ponto da espiral.




sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Os outros....





diz-se que são o inferno
mas também o paraíso

os outros

são a nossa bitola
e o nosso amparo,
o espelho onde nos vemos

são os nossos outros
que nos preenchem a vida
de sorrisos,
flores e primaveras
e dúvidas e medo e dor

e são os outros,
que não são nossos,
que deixamos à porta
que passam fome, que sofrem,
que têm casas frias

e como saber quem são
os outros,
que não são nossos?

Perdoa-me, Senhor
tanta dureza de coração
os outros, meu Deus,
somos nós

Que caímos na rua,
exaustos de bebida e fome
que cheiramos mal
e não sabemos o caminho

Perdoa-me, Senhor,
esta humanidade finita
este medo, estas barreiras
estas escolhas

Obrigada, Senhor,

por estas palavras


Obrigada, Senhor,
pelos outros

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

E se....

Fizeres tudo o melhor possível, cumprires as regras, fores o melhor que és capaz.....

MAS....as coisas não funcionarem exactamente como esperavas....

que podes fazer?

Respira, chora, sorri, ama ainda assim quem puderes....

às vezes só resta a esperança e a compaixão....e isso pode ser tudo....